segunda-feira, 29 de junho de 2009

Brasiliana

Agora teremos a nossa (biblioteca digital)!!!

Vale a pena conferir!

http://www.brasiliana.usp.br/

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Urgente, urgentíssimo

CUBA
Diálogo entre teologia e literatura é urgente, diz teólogo
José Aurelio Paz


Matanzas, quinta-feira, 25 de junho de 2009 (ALC) - A produção literária latino-americana tem muitos pontos de tangência com a religião, afirmou o teólogo porto-riquenho Luiz Rivera Pagán. Ele confessou perplexidade diante da falta de atenção da comunidade teológica para esse aspecto.

Pagán apresentou análise do fenômeno identificador da região como húmus da fé no encontro celebrante dos 80 anos do Congresso Evangelístico de Havana, de 1929, reunido nesses dias no Seminário Evangélico de Teologia de Matanzas.

O evento é um aporte significativo para o encontro de Edimburgo 2010, conclave mundial que festejará o centenário do encontro ecumênico reunido na Escócia em 1910.

“O diálogo entre a teologia e a literatura na América Latina é urgente pelos interesses óbvios que ambas têm na memória mítica e as utopias dos povos, à margem da modernidade ocidental”, disse Pagán.

Ele estranha a falta de interesse da comunidade teológica latino-americana pela literatura moderna do continente, que traz afirmações desafiadoras e teologicamente transgressoras. Ele defendeu o estudo do vínculo entre teologia, profetismo e poesia.

“São múltiplas e férteis na América Latina as interseções entre a poesia, a espiritualidade, o pensamento da fé e a solidariedade humana”, disse. Não se trata de uma intuição nova nem original, pois já o cubano José Martí o fizera no século XIX, frisou.


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segunda-feira, 22 de junho de 2009

S.I.G.L.A.

S.I.G.L.A.

Era uma vez uma S.I.G.L.A. Ela se achava muito importante, pois tinha sido concebida por gente extremamente distinta e inteligente, que a considerava a melhor invenção do planeta, já que criava uma reserva natural de mercado. Somente, eles, os I.N.I.CI.A.DOS (Instituto Nacional da Irmandade dos Cidadãos Anônimos Dominadores), conseguiam se comunicar, sem que os vilões da causa que defendiam, como pessoas que quase só sabiam falar palavras comuns, os assiglados, pudessem estragar tudo. Aliás, combater o assiglismo era uma das maiores missões dos I.N.I.CI.A.DOS.
S.I.G.L.A era um sujeito sem identidade, que vivia na boca do povo de M.E.C. (Mundo Educacional Caudaloso), mas ninguém sabia bem, o que significava, só os I.N.I.CI.A.DOS nos seus clubes e corporaçõe respectivos. Em suma, S.I.G.L.A. era solitária, por mais popular que pudesse se tornar por algum tempo. Ela já sabia que, exceto raras exceções como IPTU, U.S.P., C.P.M.F., R.E.N.A.V.A.M, M.S.T., C.P.F., e INSS, a maioria das siglas tinha vida mais ou menos curta (por ex. M.D.B., A.I.5, K.G.B.), e graças a Deus, já foram extintas.
O princípio era simples. Tudo o que pudesse ter algum significado importante para a missão da corporação ou grupo de interesse respectivo, era abreviado, com o intuito de que os não I.N.I.CI.A.D.O.S. na confraria não pudessem entender. E tudo isso, dissimulando uma pretensa democratização, inclusão e participação maior de toda a sociedade.
Você já não teve aquele grupo de amigos na infância com que adotou a língua do “p” para velar as mensagens secretas do grupo perante os outros? Era a solução para ações ousadas de revanche, imposição de poder e ocultamento de fofocas a respeito da vida alheia. Quem sabe você até já tenha inventado outra língua, à semelhança de gênios inconformados com a sociedade como J.R.R. Tolkien e outros autores famosos.
Quando se trata do universo infanto-juvenil é bom e até saudável usar esse tipo de recurso lúdico. Mas quando se trata do universo adulto, a coisa fica mais séria. Principalmente quando se está falando de campos importantes como o da saúde, da assistência social e da educação (por ex. S.U.S., I.N.P.S., I.N.E.P.).
Nenhuma dessas entidades deve ser tratada como sociedade secreta, como nos fazem suspeitar as tantas siglas, por mais que tais instituições mereçam nosso respeito. Elas são de domínio público, de propriedade de todo cidadão, que tem direito à contrapartida da sua cidadania, e dos impostos absurdos que paga. Somente se tiver acesso às informações ocultadas por trás da parafernália das siglas e instituições poderão reivindicar qualidade nos serviços e ensino e fazer a sua parte em relação à inclusão social, preservação do meio ambiente, responsabilidade social, etc.
Voltando à nossa história, nossa amiga S.I.G.L.A se sentiu em casa logo que nasceu em M.E.C., em que teria tantos colegas e amigos congêneres. Na verdade, tinha tudo a ver com o seu verdadeiro nome Sistema de Inspeção de Graduação Latino- Americano.
O mundo de S.I.G.L.A. era cinzento, mas parecia cor-de-rosa para ela, que nunca tinha visto outra cor e adotara o nome que todos adotavam para ela; barulhento e cheio de arquivos empoeirados. A alimentação do povo era muito simples e ecologicamente correta: eles se alimentavam de papel reciclável, basicamente leis, e computadores, igualmente recicláveis. E pode crer que reciclavam mesmo, pois das árvores e alumínio e ferro naturais já não restava nada naquele planeta.
Os habitantes “educados”, ou “siglados” que perfazia aproximadamente 20% da população, falavam praticamente só em siglas, exceto em raras exceções, de modo que as mensagens eram bem curtas, mas para isso, demandavam esforços dobrados de memória e conhecimento de causa, para se decifrar o sentido do que estava sendo dito.
Todos os dias aconteciam situações às vezes desastrosas, às vezes só embaraçosas, às vezes bastante hilárias ou até trágicas, envolvendo a má interpretação das palavras.
Somente para contar algumas: Certo dia um advogado, que pretendia defender o seu cliente, acusado de extorsão, ao ser perguntado sobre quais os maiores méritos do mesmo, disse:
- M.E.N.T.I.R.A.
Meritíssimo Ele Não Tem Inveja, Raiva Ou Ambições.
Ou quando a senhora representante da entidade das senhoras caridosas da cidade, ao ganhar o prêmio C.D.F. (Confiabilidade, decência e franqueza) e ser perguntada, o que mais deseja fazer na vida, agora que é famosa, respondeu:
- T.R.A.N.S.A.R.
Querendo dizer:
- Transformar a Sociedade pelo Amor e Respeito.
O exemplo tragicômico de que nos lembramos é do dia em que o noivo respondeu à noiva em pleno altar, que perguntava sussurrando, se ele já tivesse decidido, onde eles iam passar a lua-de-mel:
- I.N.F.E.R.N.O.
Querendo dizer: Iremos Nadar, Farrear E Rolar Na Oceania.
Não é de se estranhar que a noiva o mandou para lá sozinho, caindo no maior berreiro. Mas quem o mandou de verdade com um tiro na cabeça foi o sogro, que ouviu tudo.
Apesar dessas pequenas mazelas, S.I.G.L.A. sentia-se bastante bem no convívio com as pessoas que acreditavam nas abreviaturas, por serem assim tão práticas, modernas e “democráticas”.
E acreditava piamente que o que unia aquelas letrinhas era o A.M.O.R. O que ela não percebeu, foi que, ao contrário de caridade, respeito ao próximo e autosacrificio, para a maioria dos cidadãos de M.E.C. a palavra não passava de outra sigla: Associação de Meritíssimos Ostentadores de Regalias.
Quando cresceu, já na adolescência, S.I.G.L.A. percebeu que o seu mundo não era cor-de-rosa, mas cinza e que de amor, não tinha quase nada. Você nem imagina a decepção dela, depois de ter estudado tanta pedagogia, ao descobrir o significado de P.A.I.D.E.I.A. para os mequianos. Então, na primeira oportunidade, pegou um foguete para.a verdadeira Terra de Paidéia, um mundo, que os I.N.I.CI.A.DOS já haviam recalcado da memória há séculos e com o qual mal podiam sonhar.
Quem sabe, atitudes radicais como o de S.I.G.L.A. algum dia desperte os mequianos do seu sono pedagógico.

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Nova Biblioteca Digital Mundial (UNESCO)

Veja a reportagem da globo sobre essa maravilha para os fanáticos pela leitura:

http://video.globo.com/Videos/Player/Noticias/0,,GIM1010029-7823-UNESCO+LANCA+SITE+DA+BIBLIOTECA+MUNDIAL+DIGITAL,00.html

Pequena Pena

Gabriele Greggersen

Uma pluma chamada Pena voava livre, leve e solta, navegando pelos ares, como se gravidade não houvesse. Seu colorido exuberante devia todo à ave mãe, da qual tragicamente se desprendera num dia cheio de dor e saudade.

Nesse vai e vem, entre dias de sol e de chuva fraca a torrencial, nada lhe arrancava do peito a imagem da ave mãe. A lembrança dos dias bons que passava grudada no corpo quentinho dela fazia-a ladear abismos, cruzar desertos escaldantes e encarar tormentas. A lembrança da ave-mãe era a razão do viver de Pena. Ela era a luz que dava sentido e rumo ao seu efêmero percurso.

Certo dia, quando fazia o seu vôo matinal, Pena deparou com outra pluma, de cores meio acinzentadas. Antes mesmo de Pena poder aproximar-se dela, ambas foram atingidas por uma tempestade e bombardeadas por pesadas gotas até caírem numa enorme e fedorenta sarjeta.

A outra pluma bufava e esperneava:

- Como é duro ser pluma! – queixava-se. - Preferia ser pedra. Pelo menos não penava tanto. Odeio tudo isso!

Pena muito se espantou com aquela atitude e indagou a colega:

- Mas isso não te traz à lembrança a sua ave mãe que te gerou e cuidou de ti por tanto tempo e quanta falta lhe faz? A saudade às vezes é um santo remédio.

Mas a pluma, nada entendendo, e de cara fechada e magoada, mergulhou de vez no lamaçal para nunca mais...

- Que pena! - pensou Pena – A ave mãe dela deve ter sido um urubu ou ave de rapina, coitada.

Depois que o sol despontou secando-a, Pena sacudiu a poeira e foi novamente levantada pelo vento. Findas mais algumas horas, avistou outra pluma aproximando-se, toda alegre, a rodopiar e dar piruetas acrobáticas pelos ares.

Na verdade o horizonte para onde ela ia estava repleto de nuvens negras amedrontadoras; raios e trovões de dar medo.

Depois de se apresentar, Pena perguntou:

- Estás alegre assim, por quê?

- Por que não estaria? - retrucou ela sem parar de se remexer.

- Ora, não estás vendo aquelas nuvens? É melhor nos abrigarmos em algum lugar seguro. Se não, sua alegria poderá acabar em muita dor.

- Dor? O que é isso? Ah, você se refere àquelas histórias da carochinha que contam para os pequeninos? Isso não passa de balela. Não existe dor, não vês? Vamos, pense positivo e viva a vida!

Antes que Pena pudesse abrir a boca, lá se foi ela, rodopiando pelos ares até desaparecer no horizonte.

Que pena! - Ela pensou mais uma vez e seguiu seu rumo à procura de abrigo.

Passada a tempestade, continuou a navegar e navegar dia após dia. É claro que Pena teve vários outros encontros e situações alegres e felizes; ou duras e amedrontadoras. Mas sempre as aproveitava para não perder a oportunidade de lembrar-se da sua adorada Ave-mãe e falar sobre ela aos outros.

Até que num belo dia, pousou numa lagoa bem mansa. Depois de lembrar pela última vez da ave mãe e agradecê-la, finalmente afundou.

Que pena!

Não de Pena, pois esta finalmente estava em paz, na Terra de Quem criou a Ave-mãe e assim, a ele. A pena é pela história, que chegou ao fim.

Quem olha assim para Pena e seu trajeto, só pode concluir: Valeu apena, ah, valeu!

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Nota: Essa história é dedicada ao dedicado pessoal da Universidade Aberta do Brasil (UAB) do Instituto Federal de Santa Catarina (IF-SC), com todo o carinho e estima.