domingo, 20 de setembro de 2009

A educação como desafio
por Daniel Barbosa Dos Santos

Vivemos hoje o mundo da desconstrução. Aquilo que até então era válido e dito como certo não tem mais razão de ser. E esta quebra está em tudo: na vida política, social, econômica, na ciência, enfim, em todas as esferas. Refiro-me á lição 29, página 268, onde o tema abordado é a pós-modernidade.
Como encarar este mundo de constantes mudanças? Onde há religioso ateu, a ciência se contradizendo, políticos sem ideologia (aqui expresso como conjunto de idéias), famílias com diferentes arranjos, economistas perdido nos números, informações incessantes e o mundo sem utopia. Todos juntos e ao mesmo tempo separados.
È o começo? È o recomeço? È o apocalipse, é o fim? Não. È apenas um momento histórico. O momento em que as forças desencadeadas pelo homem fugiram do controle do mesmo e o domina. E o mesmo homem que programou a máquina é agora programado por ela. E pior torna-se apêndice dela. No dizer de Marx “ ela cria um mundo à sua própria imagem”. Em momento algum o mundo sofreu tantas transformações como o nosso tempo. E também em momento algum as pessoas precisarão força para buscar um caminho como os dias de hoje, e este caminho tramita pela reflexão. Será que ainda refletimos? Sim. E a reflexão é o que pode nos conduzir à educação.
Assim, educação e filosofia são etapas de um mesmo processo: a busca pelo conhecimento. Quando falamos em educação imediatamente vem à nossa mente a idéia de edifícios, professores e alunos, enfim, tecnocratas e alunos. Modelo padrão no ensino regular. Mas para tratar deste assunto devemos primeiramente recorrer à filosofia, mas a qual filosofia? Àquela que nos orienta a compreender tal objeto. Portanto, abordar o tema educação implica em primeira instância entender o quê, quando, onde e como ocorre, lição 1, página 8. Assim, o papel do educador deve ser antes de tudo o papel de um filósofo. E como bem definiu Guimarães Rosa quando diz que o filósofo “é aquele que se encontra num quarto escuro à procura de um gato preto que não está lá. E ele o encontra...”, Como filósofo o educador deve procurar na educação o tal gato preto e como educador deve sair com o gato e com o educando do tal quarto escuro. Pois não basta somente interpretar, mas transformar e transformar interpretando.

Para Karl Marx "Os filósofos até hoje se preocuparam apenas em interpretar o mundo; trata-se, porém, de transformá-lo". A sua idéia está correta, a filosofia não transforma o mundo, mas também não é papel da mesma transformá-lo, cabe a ela interpretá-lo, torná-lo desafiador, pois vivemos no mundo da ideologia, no sentido da teoria crítica Frankfurtiana que considera “a ideologia como uma ideia, discurso ou ação que mascara um objeto, mostrando apenas sua aparência e escondendo suas demais qualidades”.
E para transformá-lo, precisamos de imaginação. Podemos definir a imaginação como algo transformador. É sabido que tudo que o homem toca se transforma, para o bem ou para o mal, mas se transforma. Assim sendo queremos a transformação construtora, de um aluno questionador, reivindicador e problematizador do mundo e para isso teremos que ser além de educador e filósofo, artista: para encantar e seduzir. Como disse Rubem Alves “O professor é um sedutor. “Professor é aquele que abre o apetite, que cria o desejo de aprender”. Esta é a nossa missão perante um mundo que não sabe por onde seguir e nem se deve seguir.
E esta tentativa da reflexão, da sedução e ação transformadora é papel que cabe á educação. Pois sabemos pelas nobres palavras de Paulo Freire que “a educação não pode tudo, mas pode alguma coisa”.
E para fechar podemos entender este momento de instabilidade, insegurança e medo; como o momento onde as pessoas poderão ter a “imaginação sociológica”. uma consciência da relação entre o indivíduo e a sociedade mais ampla. A junção entre a biografia e o mundo.